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São, São Paulo

Um dos maiores talentos desses 470 anos de vida de São Paulo foi um carioca: Danilo Santos de Miranda.

por Washington Olivetto | foto Adriana Vichi

Nascido no Rio de Janeiro em 1943, vinte anos depois Danilo transferiu-se para São Paulo, onde mudou a cultura da cidade dirigindo o Sesc.

No ano de 2023, São Paulo ficou órfã de Danilo, mas suas ideias continuam mais vivas do que nunca. Danilo defendia que a educação e a cultura são bases do desenvolvimento humano mais relevantes do que o aumento da prosperidade econômica.

Danilo Santos de Miranda, crônica de Washington de Olivetto - Jornal aQuadra
Danilo Santos de Miranda

Esse raciocínio foi inicialmente rejeitado pela dinheirista São Paulo, mas com o passar do tempo acabou transformando-se num dos maiores orgulhos dos seus mais lúcidos habitantes.

O Sesc, com suas diversas unidades, se transformou em verdadeira usina de promoção social para pessoas de todas as idades e diferentes possibilidades de vida.

O Sesc, via Danilo, incentivou projetos na área da música clássica, além de livros, concertos, música de câmara, debates e gravações do antigo ao contemporâneo.

Num artigo de 2005 para a Revista Rio de Janeiro, com o título “Para uma visão não instrumental e mercantil da cultura”, Danilo escreveu: “Muitos conhecem a ação cultural do Sesc e podem concordar ou não sobre o tratamento que dispensamos às atividades oferecidas ao público, sejam as ditas eruditas, sejam elas populares. Até porque a ação do Sesc é híbrida e em seus centros convivem atividades de arte, cultura, saúde, educação ambiental e desenvolvimento físico desportivo. A mesma qualidade e dignidade na produção de um espetáculo internacional de teatro, com equipe técnica, equipamentos de luz e áudio, é oferecida para outra apresentação de teatro de uma ONG com objetivo social. 

Essa igualdade de oportunidades para diversas expressões artístico-culturais, que valoriza tanto o erudito quanto o popular, tanto o tradicional quanto o moderno ou pós-moderno, marca a política de ação cultural do Sesc”.

Além de fazer do Sesc música, teatro, literatura, cinema, dança, esporte e cultura, Danilo Santos de Miranda fez também do Sesc arquitetura. Com unidades projetadas por talentos como Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha.

Essas unidades alteraram a qualidade de vida das regiões onde foram instaladas. Testemunhei isso no dia em que estive no Sesc Belenzinho ouvindo João Donato com Chucho Valdés e vi que a Pizzaria Ideal, clássico daquela região desde os anos 1940, estava revitalizada graças à vizinhança com a nova unidade do Sesc. Citei os gênios João Donato e Chucho Valdés, mas certamente o grande da música popular, mais próximo de Danilo Miranda, foi Tom Zé que, nesses anos todos, fez inúmeros shows no Sesc. O livro sobre a sua obra, do jornalista italiano e pesquisador de música brasileira Pietro Scaramuzzo, chamado “O Último Tropicalista” foi lançado pela Edições Sesc São Paulo. E o documentário sobre Tom Zé, “Olhos nos Olhos”, que será lançado neste primeiro semestre de 2024, foi feito para a SescTV.

Leiam o livro, vejam o filme e continuem assistindo aos shows.

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