
Paulistano em harmonia - Jornal A Quadra

por FELIPE HESS
“
aspas
Ser arquiteto é um privilégio que a sociedade nos dá e que eu desempenho como se fosse um segredo, no cantinho do meu escritório, fechado com meus pensamentos e meu desenho
Junho de 1984

PAULISTANO EM HARMONIA
Batemos um papo com o jovem arquiteto Felipe Hess, cujo trabalho, caracterizado por projetos limpos com influência dos anos 1950, tem chamado a atenção de publicações nacionais e internacionais. Morador do Jardim Paulistano, Hess falou sobre sua visão da arquitetura do bairro e o que o atraiu para cá.
“Morei perto por muitos anos e sempre caminhei pelo bairro, frequentei a Praça Gastão Vidigal e gostei do clima. Então, mudar para o Jardim Paulistano foi uma conquista, uma realização pessoal. Ando de bicicleta todo fim de semana com meu filho e minha esposa e também faço ginástica por aqui.”
“Acho que é um bairro em transformação. Temos bons exemplos de arquitetura desde os anos 1930, Modernismo e até impactantes projetos contemporâneos. Acho que isso deixa o bairro dinâmico, mas sem perder sua essência e escala humana.”
“Sou um grande fã do Modernismo, e temos lindos exemplos arquitetônicos desse período no bairro, felizmente ainda preservados.”
“Acho que toda mudança é importante, desde de que seja respeitosa. Apesar dos diferentes estilos, no meu ponto de vista, o bairro é muito harmônico. Temos desde casas ecléticas dos anos 1930 projetadas por Ramos de Azevedo, passando pelo Modernismo de Artigas do fim dos anos 1940, outras essencialmente modernas como Libeskind e Miguel Forte, dos anos 1950/60, até obras marcantes do começo dos anos 2000 projetadas por mestres como Eduardo de Almeida e Pedro Paulo Saraiva, além de casas recém-concluídas por grandes nomes como Marcio Kogan, Metro e Andrade Morettin.”
“Acho o impacto do metrô sempre positivo, seja onde for.”
“Meu lugar preferido no bairro é a minha casa e a pizza do Casa Europa.”

Felipe Hess, arquiteto e morador do bairro
Vilanova Artigas
Dentre tantos projetos arquitetônicos interessantes, um conjunto de quatro sobrados geminados (ilustrados no rodapé), na Rua Sampaio Vidal, chama a atenção, não à toa. Foi projetado pelo paranaense João Batista Vilanova Artigas, um dos arquitetos brasileiros mais importantes do século 20. Radicado em São Paulo, Artigas foi fundador e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU), escola cujo prédio também projetou. De seus traços simples, retos e precisos, surgiram mais de 700 obras e uma linha de pensamento que marca o trabalho de muitos arquitetos brasileiros.

Acima, conjunto 4 Casas, projetado para Euzébio e Jaime Porchat Queiroz Mattoso, em 1944, na Rua Sampaio Vidal. Abaixo, as casas continuam sendo apreciadas e são objetos de desejo. Croqui original do arquiteto e livro editado pelo Instituto Lina Bo Bardi. Outros livros sobre o autor podem ser encontrados na Livraria Freebook, Rua Barão de Capanema, 199; e na livraria Prince Books, ao lado do Chez Oscar – Café, Bar e Restaurante, Rua Oscar Freire, 1.128



#arquiteturanaquadra

Rua Capitão Antônio Rosa, 151

Condomínio Deonita
Rua Sampaio Vidal, 159

Rua Sampaio Vidal esquina com Capitão Antônio Rosa

Edifício Rebeca
Rua Sampaio Vidal, 737
Fotos: Acervo Vilanova Artigas/Cristiano Mascaro; reprodução Livro Vilanova Artigas/Instituto Lina Bo e P. M. Bardi; Paulo Giandália; Fran Parente; ilustrações Tati Vella

NOSSAS ESCOLHAS
Inspirada por este apartamento no prédio projetado por Artigas, aQuadra fez uma seleção de objetos que remetem ao estilo dessa época nas lojas dos arredores do Jardim Paulistano.

Poltrona Passado Composto
De madeira caviúna, palinha e estofamento de tecido. Atribuída a GIUSEPPE SCAPINELLI. Ano: cerca de 1950

Luminária La Lampe Bengala
Criada originalmente, em meados dos anos 1970, pelo estúdio Dominici. A cúpula é feita de tecido bege e a base é de latão

Sofá com mantas soltas Loja Teo
Designer: Joaquim Tenreiro. Estrutura de jacarandá e estofamento original de couro. Ano: 1954

Mesa Duas Cores Etel
Possui design leve e belo. Criada, em 1952, pelos brilhantes arquitetos da Branco & Preto. Ano de criação: 1952
Fotos: Reprodução livro Vilanova Artigas; divulgação