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Cada uma de um jeito

Uma homenagem tocante à pluralidade da maternidade, contada com sensibilidade e afeto por quem viveu a experiência de forma única.

por Raquel Badue

Crônica por Raquel Badue - Jornal aQuadra

São tantos os significados, conceitos e interpretações para mãe que há de se perder e se encontrar em muitos deles.

Há mães que param tudo para estar perto e outras que cuidam à distância, há mãe-avó, mãe-irmã, mãe que é pai e pai que é mãe. Há mães esportistas e outras que não se leva na esportiva, mães que são chefes de família e mães que são juízas. Algumas são preocupadas em demasia e outras dormem numa calmaria.

Quanto à figura materna, são muitas as imagens retidas na memória, como uma mãe e seu bebê a ninar, ou a brincar, ou mesmo a trocar olhares ao amamentar.

Presenciei, diversas vezes, mãozinhas ligeiras de um bebê ou criança a remover parte da roupa da mãe procurando pelo peito, pelo leite que ainda o nutre – ou mesmo que não mais –, na sua forma mais pura e inerente à vida. E dão-se diferentes reações: algumas mães ficam envergonhadas, outras riem, mas todas embalam o filho no colo promovendo esse encontro tão único e que leva tempo para ser desfeito. É como se o universo, naquele momento, se resumisse à sucção.

Meu filho, por sair direto do hospital para o abrigo, não foi amamentado. Como o conheci quando ele completou três anos, não me passou pela cabeça o ato de aleitar. Mas qual não foi minha surpresa quando ele me perguntou se poderia tocar meus seios. Respondi-lhe que sim.

Ele revolveu minha blusa até encontrar meu peito e, assim, o tocou. Ao tatear, parecia descobrir novas sensações. Tinha um olhar explorador e ao mesmo tempo meigo, como se fosse saudoso de algo que nunca tivera, mas sonhara ter.

Crônica por Raquel Badue - Jornal aQuadra

De repente, soltei um grito, pois ele apertou com força meu mamilo: “Filho, assim dói!”.

Ele retirou a mão rapidamente e me perguntou: “Mãe, não sai leite?”.
E respondi: “Não, filho, não sai. Amaria ter amamentado você! Seria maravilhoso, porém nos conhecemos quando você já era um menino e não mais um bebê e, ainda por cima, jogando um bolão!”.

Ser mãe é uma jornada singular, e a certeza que o que nos move vai muito além do peito.

Para algumas, a bolsa estoura.
Para outras, o telefone toca.
A avisar. Em cada uma, um jeito.

Para algumas, em até 40 semanas.
Para outras, em meses e até anos.
A esperar. Em cada uma, um jeito.

Para algumas, os olhares se cruzam no primeiro instante.
Para outras, o instante se dá no primeiro olhar.
A apreciar. Em cada uma, um jeito.

Para algumas, ao encontrar levam logo ao peito.
Para outras, o encontro se dá por outros meios.
A realizar. Em cada uma, um jeito.

Para algumas, a concepção.
Para outras, a adoção.
Pode estar no ventre, na mente, no coração.

Cada qual com a sua história.
E com todo o respeito:
Ser mãe é amar, não há outro jeito.
Talvez, por isso, dizem que são todas iguais, só muda o endereço.

A todas as mães, de todos os jeitos e lugares: felizes dias!

Raquel Badue nasceu em Serrana, interior de São Paulo. Cursou artes plásticas e pedagogia. É artista, pintora, mãe e escritora, autora do livro infantil Onde você está?, ilustrado por Guilherme Karsten e editado pela Alta Books.

🌐 eaicheguei.com.br
📸 @eaicheguei

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