Chegamos de Concorde e nos instalamos no Hotel Maksud Plaza, uma verdadeira operação logística, que incluía 2 dias em São Paulo, 2 dias no Rio e mais dois dias a escolha de cada convidado. Entre os destinos mais escolhidos, o Rio e a Bahia e muitos souvenirs na mala de volta, de chapéu de cangaceiro, pencas de pedras (patua) a biquínis.
No Clube Paineiras em São Paulo, o espetáculo que começou com um audiovisual sobre a origem e as vantagens do fio sintético, seguido de uma visão geral sobre a moda das últimas décadas apresentado por Miéle. Para Maiá Mendonça, parte do time aQuadra, que cobria o evento pelo Estado de São Paulo, o grande destaque entre os brasileiros foi José Augusto Bicalho, da “Jo e Co” do Rio, que criou roupas largas, usadas com camurça franjada na cintura e um enorme chapéu, tudo em tons de branco. Para ela, Betsey Johnson deu um show à parte com suas “aqualoucas” do cancan e a maior surpresa foi PopyMoreni, com uma roupa sobreposta em organza.
Na parte do futuro, cada estilista dava seu conceito do que seria a moda dos anos 90. A moda de Bruno Bizinover, da “Oliver”, foi definida como “simples e racionalizada, ou melhor, nacionalizada”; para Décio Xavier, da DecanDeux, o único paulista da mostra, a moda seria “descontraída e fantasiosa”; Elísio Brandão, do Rio, usou a frase de Erich Fromm, “Sereis como deuses”; José Augusto Bicalho, da Jo e Co, colecionador de art-noveau, criou uma fórmula para o futuro sucesso: “30 + 60 = 90. Uma fórmula quase cabalística. Somei tudo e trouxe duas décadas recicladas com novos materiais”. Vanguarda com nostalgia? Luis de Freitas, da “Belui” e Mr. Wonderful, do Rio acreditava que 1990 seria “Neptuno trazendo iemanjá”; Sonia Mureb, da “La Baggagerie“do Rio, pensou em “mulheres suaves, emancipadas, felinas e femininas”, enquanto que Ricardo Cruz, da Richards do Rio, achava que “a moda continuaria baseada no esporte”. Nada mal.
Dos estrangeiros, BetseyJonhson leu este trecho: “O velho e o novo. O curto e o longo. O áspero e o forte. Ao redor, ao redor, ao redor, isto vai tão rápido quanto a T.V., os jatos e o vídeo. No meio de confusão, deixe-me então no táxi aéreo “. Para Geoffrey Beene, que foi representado por seu assistente Hugh Docker, seu conceito de roupa seria “conforto, tanto no presente quanto no futuro”. Kansai Yamamoto, o estilista japonês, achava que no futuro haveria mais liberdade, individualidade e igualdade. O sportswear seria o preferido de todos.