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Estamos todos interconectados

COP30 no Brasil, países discutirão metas para reduzir gases do efeito estufa e enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

por Vinicius Gomes Melo | Ilustração Julián Manfred

Dentro de pouco mais de um ano, o Brasil sediará em Belém, no Pará, a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30). O momento não poderia ser mais propício, infelizmente. De norte a sul, o país experiencia os impactos negativos do aquecimento global, resultado da contínua emissão de gases estufa na atmosfera. A mudança climática que altera o padrão de chuvas causando secas mais frequentes e duradouras na Amazônia é a mesma que inunda praticamente um estado inteiro como o Rio Grande do Sul.

A máxima sobre a Teoria do Caos de que o bater de asas de uma borboleta pode gerar um tufão do outro lado do mundo é quase um clichê quando se fala a respeito das mudanças climáticas, mas clichês não saem de moda por uma razão. A possibilidade de vida na Terra, ao menos como a conhecemos, depende de um sistema complexo e frágil, cujo desequilíbrio em um dos seus cantos afeta algum outro, tal qual dominós enfileirados. Porém, quando se trata do clima, é como se o impacto não fosse em apenas uma, mas em diversas dessas fileiras.

O derretimento dos polos, por exemplo. Com essas enormes massas de terras nevadas transformando-se em água, ocorre uma diminuição da capacidade do planeta de refletir de volta para a atmosfera o calor que vem do Sol. Enquanto a água, ao contrário, absorve calor. Menos neve e mais água é uma dinâmica que potencializa o aquecimento da Terra, o que já seria um problema por si só. Todavia os dominós seguem caindo: a instabilidade nas correntes marítimas que mantêm equilibradas as temperaturas nos continentes; o aquecimento dos oceanos que tanto causa sua elevação de nível, ameaçando ilhas e cidades costeiras, como propicia que ciclones e furacões se tornem mais constantes e violentos. Há as alterações no padrão de chuvas que, testemunhadas na Amazônia e no Rio Grande do Sul, repercutem nas atividades econômicas e em aspectos sociais de segurança alimentar, moradia e saúde.

Há mais dominós na sequência, e a mitigação de seus trágicos efeitos, como perda de vidas, só acontecerá com políticas públicas voltadas ao clima em todas as esferas governamentais, do município à federação, até os tratados internacionais firmados entre países.

Nas duas semanas de novembro de 2025 em que pessoas vindas do mundo inteiro se reunirão em Belém para discutir o clima, a principal pauta será a apresentação de novas metas nacionais na redução de gases estufa – alinhadas ao limite de temperatura global de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris, em 2015 –, mas que também considere aspectos econômicos para tal.

Resta pouco mais de um ano para sabermos qual é o verdadeiro compromisso dos governos não apenas para com seus cidadãos, mas para com tantos outros que poderão ser afetados por suas decisões. Em mais um clichê, nós só temos um planeta, e, nele, estamos interconectados.

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