Marina Saleme
Para este novo Radar nos inspiramos em formas lúdicas, cores e memórias. Marina Saleme é a nossa artista da vez. Deixe-se guiar por este caminho intuitivo que ela nos oferece com belas descobertas. Ver e vestir a sua arte
Segundo o filósofo francês Bertrand Vergely, a beleza não é simplesmente bela; é ela que nos faz viver, é ela que nos dá a força do viver. Esse princípio se refere não à beleza convencionada, mas àquela em que olhos individuais captam as coisas do mundo. O que é belo para você?
Ao nos depararmos com algo que nos cativa, podemos ser surpreendidos de maneira positiva, experimentando um sentimento de prazer e uma sensação de bem-estar tais que, por vezes, a alegria e o maravilhamento vivenciados sublimam o sofrimento cotidiano. Segundo o psiquiatra Boris Cyrulnik, o estado de sublimação, “orientado para atividades valorizadas, como as artísticas, intelectuais ou morais, permite aos feridos de alma se exprimirem por inteiro, onde não há cólera, nem desespero, mas uma doce gestão do tempo”. Essa doce gestão do tempo é curadora e acontece ao sermos seduzidos pelo belo. Maravilhar-se é evadir-se para um mundo de experimentação, é romper com a ordem estabelecida pela razão, é caminhar pelas vias do sonho e do imaginário, ampliando nosso ser. Bachelard, o filósofo, já dizia: “O devaneio é uma abertura para mundos belos”!
Encontramos diversos depoimentos sobre o tema no documentário O fim da beleza, de Lucas Ferrugem. Um deles explicita o poder da sensação de maravilhamento em nós diante do belo, como possibilidade de sermos redirecionados para um patamar superior, num movimento vital.
Há ocasiões em que essa sensação de encantamento perdura por poucos minutos; em outros, ela permanece por tempo indeterminado. De qualquer forma, o instante em que somos iluminados por algo que julgamos belo se traduz em uma pausa no turbilhão de informações e problemáticas com as quais nos defrontamos no dia a dia, refletindo-se no nosso comportamento e aliviando sensações de angústia e ansiedade, hoje tão impregnadas no ser humano. Precisamos do belo em nossas vidas!
Muitos intelectuais e artistas têm refletido sobre o tema ao longo da história, entre eles o grande apreciador da beleza, o filósofo e escritor russo Fiódor Dos- toiévski, que dizia: “Não podemos viver sem pão, mas também é impossível existir sem beleza”. Outro escritor, Jean Cocteau, definiu o maravilhar-se como “aquilo que nos separa dos limites dentro dos quais devemos viver”.
Nos tempos atuais, plenos de violência humana e desastres ambientais, tem sido cada vez mais difícil perceber o que fascina e enriquece nossa alma, levando-nos à magia do devaneio. É preciso contemplar a beleza, se envolver, se encantar, para nosso bem-estar. Segundo Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano, “no regime estético atual, há uma enxurrada de estímulo e excitação, e o belo desaparece. Não se permite uma distância contemplativa do objeto”. A voracidade de imagens a que somos expostos hoje em dia impede nosso sentir mais profundo sobre qualquer uma delas. Busquemos olhos novos e contemplativos. Que haja um movimento para o despertar da sensibilidade que existe em nós, aguçando nossos sentidos para a delicadeza e o maravilhamento da vida, o que estimula, liberta, deslumbra, equilibra e dá prazer.
Zília Nazarian é biógrafa, arteterapeuta e escultora.
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Na cultura japonesa, a cerimônia do chá é uma espécie de síntese das artes. Nela vamos encontrar praticamente todas as expressões artísticas nipônicas, desde a arquitetura até a caligrafia, passando pela cerâmica e pela culinária, entre tantas formas de arte.
Difícil achar quem more na região da Faria Lima e não frequente a Praça Gastão Vidigal. Localizado no coração do Jardim Paulistano, entre as ruas Desembargador Mamede e Laerte Assunção, e preservado pela associação de
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