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Entrevista – Bruno Barreto, Cidadão do Mundo

Às voltas com vários projetos de cinema, séries e o lançamento de dois filmes – Férias Trocadas e Vovó Ninja, em janeiro –, Bruno fala sobre a cidade que ama.

por Joe Doe

Entrevista - Bruno Barreto, cidadão do Mundo - Jornal aQuadra

O cineasta carioca Bruno Barreto morou no Rio, Los Angeles, Nova York e escolheu São Paulo para viver

 

Bruno Barreto nasceu e cresceu no Rio, onde, aos 17 anos, fez seu primeiro filme, Tati, a Garota e, aos 21 anos, o megassucesso que lhe deu fama, Dona Flor e Seus Maridos. Diretor de grandes sucessos de público e crítica, conquistou vários prêmios e uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro com O que é isso, Companheiro?, em 1997.

No início dos anos 1990, a crise no cinema nacional o levou aos Estados Unidos. Morou 8 anos em Los Angeles, casou com a atriz americana Amy Irving, e passou 10 anos em Nova York. Nesse período, produziu quatro filmes.

Em 2006, separado de Amy, escolheu São Paulo para viver.

Às voltas com vários projetos de cinema, séries e o lançamento de dois filmes – Férias Trocadas e Vovó Ninja, em janeiro –, Bruno fala sobre a cidade que ama.

Como é a sua relação com São Paulo?

Nasci e me criei no Rio, mas sempre adorei São Paulo. Vinha com meu pai e ficava no hotel Jaraguá. Como o laboratório que processava cor e o melhor estúdio de som ficavam em São Paulo, a gente filmava no Rio e depois passava semanas aqui, e eu adorava, ia a vários restaurantes, comia bem, fiz amigos.

Por que escolheu São Paulo para viver?

Eu já curtia muito São Paulo no início da minha vida adulta. Fui morar nos Estados Unidos e só vinha ao Brasil uma vez por ano: ia ao Rio para ver meus pais e depois ficava em São Paulo, onde estavam meus amigos. Certa vez encontrei Milos Forman, diretor checo de O Estranho no Ninho, que migrou para os Estados Unidos e ele me disse que, uma vez que você sai de seu lugar de origem, será um imigrante para sempre. É verdade: quando eu voltava ao Rio, me sentia um estrangeiro.

Em São Paulo se come muito bem e tem os melhores médicos e hospitais – perfeito para quem é hipocondríaco, como eu. Além disso, sempre senti o meu trabalho mais reconhecido aqui. Por último, e não menos importante, São Paulo é uma ilha capitalista. Não é a Nova York da América Latina, mas tem vários elementos em comum, como a vida cultural, por exemplo. Hoje, São Paulo é cosmopolita de mentalidade.

São Paulo tem a delicadeza que você procura para alguns de seus filmes?

Vejo delicadeza em São Paulo. Não concordo com o clichê de uma cidade hostil. São Paulo é cênica. Os filmes Além da Paixão, com a Regina Duarte, de 1985, e O Casamento de Romeu e Julieta, de 2005, se passam aqui. Hoje se produz mais séries e cinema aqui do que no Rio. São Paulo virou a capital do audiovisual.

O que mais te fascina nesta cidade?

A diversidade, a mistura, como as pessoas se vestem, a coexistência de todas as tribos. Aqui tem complexidades, se convive com o contraditório. Tenho amigos nova-iorquinos que são enlouquecidos por São Paulo. Aqui tem também um lado Dallas, cafona, novo-rico, ostentação. E tudo bem, é o lado do exagero, do excesso. Tem um lado Nova York, mas tem também um lado Dubai.

Também a imprevisibilidade, que começa com o clima – às vezes faz as 4 estações no mesmo dia – e uma surpresa a cada esquina, muitas opções de restaurantes e exposições, shows, teatros, eventos todos os dias. São Paulo me surpreende o tempo todo.

Encontrou seu lugar no mundo?

Morei 10 anos nos Jardins e mudei para Higienópolis, que não troco por nada. A arquitetura dos prédios, tudo por perto, fácil acesso a todos os lugares e uma vizinhança repleta de amigos. Adoro andar, vou aos Jardins a pé nos fins de semana, ao Belas Artes, caminho até o Largo do Arouche, vou à Galeria do Rock. Aqui me sinto em casa, nessa cidade cosmopolita com gente do mundo inteiro.

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